Na abertura da sua mostra individual Deslocamento, Trajeto e Percurso, o artista Leandro Machado comandará uma performance sonora dia 11 de julho, quarta-feira, a partir das 19h, no Atelier Subterrânea (Av. Independência, 745). Esta performance será realizada junto à sua produção recente em artes visuais. A exibição contará com pinturas, fotografias, desenhos e costuras, confeccionadas a partir de materiais recolhidos nas suas andanças pela região metropolitana de Porto Alegre. Embalagens usadas de pão, notas velhas de supermercado, guarda-chuvas abandonados ou anúncios publicitários descartados são o suporte do processo de criação do artista. Leandro Machado ressignifica esses materiais sob o olhar atento de quem revela sua intimidade num tom irônico, partindo da observação dos ruídos da vida urbana.

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Caminhos e descaminhos,
Feitos de silêncio ou do mais puro ruído.
Hora, os limites são aqueles da palma da mão, hora estendem-se até onde a vista não alcança,
Íntimos, desconhecidos, ignorados, esquecidos,
Duros ou macios.
É nesse encontro que se dá o ato da construção/desconstrução,
e da chance de a cada novo momento poder ressignificar a vida.

Poesia de Leandro Machado

Limites Ruídos

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” (José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira)

Na mostra Deslocamento, Trajeto e Percurso, o artista Leandro Machado abre sua caixa de guardados e convida o espectador a percorrer uma trama de achados e perdidos, onde sua intimidade vai sendo (re)velada, a partir do entrecruzamento de objetos, cores, sons e palavras.

Ao entrar na sala expositiva, somos envolvidos por um ruído intenso, causado pelo excesso de objetos aderidos ao grande plano frontal. Assim é também a percepção do artista, ao caminhar pela cidade sem rumo, em meio ao fluxo de consumo caótico e excessivo, em que vão sendo abandonadas as mercadorias descartáveis. Embalagens usadas de pão, notas velhas de supermercado, guarda-chuvas abandonados ou anúncios publicitários descartados são o suporte do processo de criação do artista.

O universo criado na obra de Leandro Machado nos faz adentrar, de modo pulsante, na reflexão sobre o conceito de limite. Somos mantidos numa fronteira tênue entre o público e o privado, em que a sua obra vai sendo construída num diálogo com o espectador. O artista apenas aponta possibilidades de trajetos, mas não delimita precisamente esses percursos. Leandro associa experiência-arte-ação-vida. Suas ações se convertem em performance, ao convidar o público a participar de suas experiências sonoras, dando ritmo a esse encontro.

Apreciação de Lilian Maus