Abertura da exposição na ESPM (R. Guilherme Shell, 268, Porto Alegre):

terça-feira, 12 de junho, das 19h30 às 22h

Visitação
de 13/06 a 10/08/2012
Segunda a sexta, das 8h às 22h
Sábados das 9h às 15h

 

**Mesa redonda com Lilian Maus, Flávio Gonçalves e Cláudia Barbisan e lançamento do catálogo:

Sexta, 10 de agosto, das 11h15 às 12h45

 

Texto de Flávio Gonçalves:

O desenho como área de cultivo
Para os antigos uma imagem servia a instruir, lembrar e emocionar. Ela tinha ainda o poder de transitus, permitindo que pudéssemos contemplar a partir dela as coisas invisíveis, o mundo sensível transfigurado em presença. Vivemos ainda os mistérios da imagem, já que a nossa voracidade em relação a ela é maior que o nosso entendimento. Aquela que surge da inscrição gráfica,  desenho, é a que nos aventuramos desde a infância; e que faz renascer em nós essa antiga tríade que nos temporaliza.

Os desenhos de Lilian Maus começam pela água através dos caminhos que o líquido cria em contato com o papel. Se existe um plano outro é o de esperar que ela evapore e que a mancha indique por onde prosseguir; e se possa adicionar mais camadas, cores, fazendo do fundo berço, nascedouro do trabalho. A memória da água é diferente da memória do gesto, e isso faz com que em seu trabalho a artista cultive os dois por fortuna e por leveza.
Um desenho talvez não precise esperar para secar, imediato que é.  Mas é preciso esperar que ele brote, cresça e lentamente se revele. Um tempo para que a ideia se aceite como nova, para que a aceitemos como nossa. As metáforas de semeadura, crescimento e disseminação fazem com que pensemos a inscrição gráfica ainda mais como um espaço para o cultivo das ideias, para a revelação de memórias.
O sulco, a vala, o buraco de onde uma imagem nasce nos reposiciona em relação a nossa origem. Do mesmo modo que os encontros nos fazem pensar de onde partimos.