Dupla Exposição

Anderson Astor e Dulphe Pinheiro Machado

Dupla Exposição é o título da próxima mostra que será inaugurada na sexta-feira, 10 de agosto, às 19h, no Atelier Subterrânea. No universo fotográfico, o termo “dupla exposição” é bem conhecido e se refere à uma técnica analógica de sobreposição de imagens. Nesse caso é apenas um trocadilho para definir uma exposição composta por dois artistas. Anderson Astor e Dulphe Pinheiro Machado dividem a galeria, mas não apenas. Dividem também a linguagem fotográfica, onde cada um explora com objetivos diferentes tempo e espaço, sejam eles os temas de cada trabalho ou mesmo o objeto de um questionamento temporário registrado com a câmera. Por isso, os trabalhos possuem a crueza do(s) instante(s) e trazem ao mesmo tempo densidade e fluidez. No evento de abertura teremos a performance audio-visual The Experimental Video Audio Machine. O Dj da noite será Leo Felipe.

Anderson Astor nasceu em Porto Alegre, em 1975. Trabalha profissionalmente com fotografia desde 2004. Estudou fotografia na ESPM e atualmente cursa Artes Visuais na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

http://www.andersonastor.com.br

Dulphe Pinheiro Machado nasceu em Porto Alegre, em 1981. Formado em Jornalismo, vive atualmente em Nova York onde tem trabalhos expostos na galeria virtual Fortress to Solitude (http://www.fortresstosolitude.com/) e peças à venda na (Art) Amalgamated.

https://dulphe.jux.com/

 

Texto Crítico, por Francine Kath*

 

 

DUPLA EXPOSIÇÃO

O Atelier Subterrânea apresenta entre 10 de agosto a 05 de outubro Dupla Exposição, uma mostra com trabalhos recentes dos fotógrafos Anderson Astor e Dulphe Pinheiro Machado.

Em Dupla Exposição, tanto Astor quanto Pinheiro Machado utilizam-se da fotografia para registrar experiências banais e corriqueiras, mas também íntimas e transformadoras. Ambos capturam o que a historiadora e curadora Charlotte Cotton categorizou de Something and Nothing (Algo e Nada).[1] Segundo ela, o olhar do fotógrafo transforma aquilo que comumente desmereceria nossa atenção, justamente por ser excessivamente mundano e descartável, em algo extraordinário, carregado de significado e beleza. Astor e Pinheiro Machado, então, por caminhos distintos e singulares, contemplam objetos e paisagens do cotidiano, inscrevendo no tempo e no espaço fotográfico excertos de suas próprias vivências.

 

De incessantes noites de insônia, surgiu a presente série de Astor. Numa tentativa de apaziguar horas de angústia e melancolia, o fotógrafo apontou a câmera para o seu próprio ambiente, capturando a quietude de dentro e de fora de seu apartamento, à procura de conforto e silêncio. São fotografias em estado de vigília, denunciadas por seus títulos, que confirmam o dia e a hora em que foram tiradas. Originalmente criadas em suporte digital e endereçadas às redes sociais, as imagens sofrem um processo de institucionalização ao serem transpostas para as paredes da galeria. Entre a véspera e o dia de abertura da exposição, Astor planeja ainda fotografar, imprimir, emoldurar e afixar na parede uma última obra. Com isso, o artista não só desafia a velocidade do processo de criação do seu trabalho, mas também reflete sobre características estruturais que diferem a fotografia analógica da digital.

Enquanto Astor registra cenas privadas, Pinheiro Machado percorre caminhos públicos, entre metrópoles agitadas e panoramas idílicos. O fotógrafo condensa o tempo e o espaço em múltiplas exposições, umas sobre as outras, numa desordem que superficialmente parece indiscriminada. No entanto, Pinheiro Machado reorganiza cada imagem de acordo com o próprio caminho traçado, dando ênfase aos lugares que detiveram seu olhar por mais tempo. O cotidiano a que Cotton se refere, então, é presente no conteúdo, porém ausente na forma de suas paisagens. Flutuando entre a abstração e a figuração, Pinheiro Machado constrói elaboradas sobreposições, conferindo movimento ao que fotograficamente se renderia estático. Metaforicamente, o caos sugerido pela aglutinação formal do trabalho de Pinheiro Machado é a maneira do artista lidar com o excesso de informação inerente às sociedades contemporâneas.

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[1] Charlotte Cotton, The Photograph as Contemporary Art, 2nd ed. (New York: Thames and Hudson Inc., 2009), 115.

*Francine Kath nasceu em Porto Alegre e atualmente vive em Nova York, onde cursa o segundo ano do mestrado em História da Arte na City College of New York. É curadora assistente e coordenadora de projetos da plataforma Fortress to Solitude, edita o blog NYartRider e escreve sobre arte para revistas online de Porto Alegre e Nova York.

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The Experimental Video Audio Machine

Um encontro, uma celebração, um espaço a ser preenchido com som, imagem e presença. The Experimental Video Audio Machine propõe uma experiência plurisensorial de improvisação com dois contrabaixos, duas guitarras, uma bateria, uma câmera e a projeção de video-colagens e de vídeos capturados e manipulados em real time, transitando entre as artes visuais, a música e a pura sonoridade.

A “banda” nessa ocasião será composta por Chico Machado (baixo), Guilherme Dable (baixo), Daniel Chiapinotto (guitarra), Túlio Pinto (guitarra), Marcelo Armani (percussão) e Rogério Franck (vídeo).

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Serviço:

Dupla Exposição. Anderson Astor e Dulphe Pinheiro Machado

Abertura: sexta, 10 de agosto de 2012, 19h

Conversa com os artistas: sábado, 18 de agosto, 16h

Visitação até 05 de outubro, de terça a sexta, das 14h às 18h

Local: Atelier Subterrânea – Av. Independência, 745/subsolo – Porto Alegre/RS

Discotecagem: Leo Felipe

 

The Experimental Video Audio Machine (performance)

sexta, 10 de agosto de 2012, a partir das 19h

Local: Atelier Subterrânea – Av. Independência, 745/subsolo – Porto Alegre/RS

Informações:

contato@subterranea.art.br

 

apoio:

Cerveja Província

Gráfica Trindade

Lulublu – Pedacinhos de Ideias

Plásticos e Lonas

Sulfotos

Leandro Selister